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Brasil destoa da maioria dos países latino-americanos e caribenhos e registra alta de exportações em 2023, diz BID

O Brasil foi uma das poucas economias da América Latina que registraram crescimento em exportações em 2023. Após aumentarem 19% em 2022, as vendas externas brasileiras tiveram um pequeno acréscimo de 1,7% no ano passado, enquanto as operações realizadas na região caíram, em média, 2,2% no período.

Os números fazem parte da última edição do relatório Estimativas de Tendências Comerciais da América Latina e Caribe, produzido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A retração das exportações da região, que em 2022 haviam subido 17%, deveu-se à queda dos preços de exportação e à desaceleração nos volumes exportados.

Segundo o documento, apesar da queda dos preços das commodities, o Brasil exportou mais em volume, para compensar as perdas. Em termos de produtos, os maiores destaques foram soja, milho e açúcar. Além disso, o relatório aponta a boa safra brasileira de grãos, que ultrapassou 300 milhões de toneladas, ao contrário do que aconteceu com países concorrentes.

“As boas colheitas no Brasil compensaram os menores níveis de produção devido a eventos climáticos adversos nos seus principais concorrentes, como foi o caso da Argentina na soja ou da Tailândia e da Índia no açúcar”, diz um trecho do documento.

Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços mostram que, no ano passado, as exportações cresceram 1,7% e somaram US$ 339,67 bilhões. As importações caíram 11,7% e totalizaram US$ 240,83 bilhões.

Tendência de queda em 2024

Para 2024, as perspectivas indicam que a tendência de queda deverá permanecer. O principal indicador de exportações da região ainda não permite vislumbrar uma mudança no primeiro semestre deste ano.

“As perspectivas de reversão dessa tendência no próximo semestre são limitaddas em um contexto de baixo crescimento econômico mundial, persistência da inflaçãoe políticas monetárias restritivas e crescentes conflitos geopolíticos”, diz o relatório.

O documento destaca que, por outro lado, a debilidade da demanda conteria as pressões de alta dos preços dos produtos básicos. Mas completa que isso seria possível na ausência de novas escaladas dos conflitos no Oriente Médio ou de eventos climáticos extremos que afetam a oferta de petróleo e alimentos, respectivamente.

De acordo com Paolo Giordano, economista do setor de integração e comércio do BID, pós dois anos de expansão, no marco da recuperação do choque causado pela pandemia, as exportações da América Latina e Caribe entraram em uma fase de contração em 2023.

— O balanço de riscos aponta para uma diminuição da tendência de contração comercial nos próximos meses, ainda que exista um alto grau de incerteza sobre a temporalidade e a intensidade de uma eventual recuperação — disse.

A deterioração do desempenho das exportações foi generalizada na maior parte da região. América do Sul e Caribe foram as sub-regiões mais afetadas, devido à queda nos preços das commodities. Em contrapartida, o México apresentou uma leve alta, de 2,9%, com o aumento das vendas para os Estados Unidos.

Sem dólares e enfrentando uma grave crise econômica, a Argentina perdeu 25,3% em exportações, conforme a estimativa do BID. A vendas da Bolívia caíram 21,6% e as da Colômbia, 13,7%. O Paraguai apresentou a maior taxa de crescimento da região, com 19,1%.

Preços das principais commodities recuam

Pelo relatório, em 2023, os preços das principais commodities exportadas pela América Latina e Caribe registraram, em média, níveis inferiores aos do ano anterior. As taxas de variação interanuais foram negativas para os preços do petróleo (16,7%), da soja (8,6%), do cobre (3,6%) e do minério de ferro (0,9%). O preço do açúcar diferiu do restante das commodities, com uma alta de 27,7%.

O relatório antecipa, ainda, que “as projeções para os preços das matérias-primas apontam para um padrão de alta volatilidade, com tendência descendente no contexto de uma demanda enfraquecida”, embora o cenário central possa ser alterado por choques econômicos, políticos ou climáticos.

Por mercados de destino, a estimativa do BID é que as importações dos Estados Unidos de produtos da região aumentaram 2,4% em 2023, enquanto o total comprado de todo o mundo pelos americanos caiu 6,7% no ano anterior.

As importações globais da China, diz o relatório, caíram 6,1%, enquanto as compras de bens da América Latina subiram 3,5%. Já as encomendas realizadas pela União Europeia tiveram uma queda geral de 5,9% e um pequeno aumento de 1,9% para produtos latinos e caribenhos.

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