Fornecedora da Petrobras afunda após investigação diminuir perspectivas
Ter a gigantesca petroleira estatal do Brasil como sua principal cliente foi um benefício para a Schahin Petróleo Gás SA quando a empresa vendeu bonds, em 2012. E está se transformando rapidamente em uma desvantagem.
A ampliação de uma investigação sobre suborno envolvendo a Petrobras ameaça atrasar novas encomendas offshore e colocar as atuais empreiteiras sob uma maior vigilância em um momento em que a petroleira estatal realiza investigações internas e responde a inquéritos do Congresso e do Tribunal de Contas da União, segundo a Seaport Group LLC e a XP Gestão de Recursos.
A Schahin disse que não fez nada errado. Os rendimentos de suas notas com vencimento em 2022 já subiram 0,6 ponto porcentual, para 6,8 por cento, desde 8 de setembro, quando o depoimento de um ex-diretor da Petrobras, que agora está em prisão domiciliar, foi publicado pela mídia. No dia 7 de novembro, sua classificação de crédito foi reduzida em três níveis, para B+, pela Standard Poor’s, que citou a redução da liquidez e sua contínua dependência em relação à Petrobras em um mercado competitivo. A S&P não mencionou a investigação.
“É provável que a empresa tenha uma desaceleração, pelo menos nos contratos com eles”, disse Fabiano Santin, analista de crédito da XP, por telefone, do Rio de Janeiro. “Isso pode abrir a porta para que empresas com pouca história como fornecedoras da Petrobras ganhem trabalho da petroleira enquanto as investigações são realizadas”.
A Schahin, que tem sede no Rio, não teve envolvimento no suposto esquema de subornos e lavagem de dinheiro chamado de “Lava-jato” pela polícia, disse a empresa em resposta a perguntas, por e-mail. A investigação não afetou o preço de seus bonds, disse a empresa. A Petrobras não respondeu a um e-mail em busca de comentários a respeito do impacto que a investigação havia provocado sobre seus fornecedores.
Empresas de construção e engenharia como a OAS SA e a Odebrecht SA, que fornecem produtos e serviços a projetos da Petrobras, também viram os custos de seus empréstimos subirem desde que as investigações aceleraram, no início de setembro.
O ex-diretor de refino da Petrobras, Paulo Roberto Costa, alegou que construtoras formaram um cartel para realizar cobranças excessivas por projetos e desviar dinheiro para políticos. A investigação colocou a presidente da República, Dilma Rousseff, que foi presidente do Conselho de Administração da Petrobras de 2003 a 2010, na defensiva.
Controles mais estritos
A Odebrecht negou as acusações de Costa e disse que seus bonds estão em linha com o mercado em uma resposta enviada por e-mail. Em resposta enviada por e-mail, a OAS disse que realiza suas atividades com integridade, ética e respeito à lei e preferiu não comentar o desempenho de seus bonds.
A Petrobras pode impor controles mais estritos aos seus procedimentos de contratação de prestadoras em resposta às investigações, disse Michael Roche, estrategista em Seaport, de Nova York.
Em referência à Schahin, Roche disse: “Ela pode perder participação de mercado ou ficar sujeita a uma restrição no crescimento de seus negócios com a Petrobras. A empresa está apresentando alguns riscos específicos para seus movimentos de preço na comparação com o mercado como um todo”.
Embora Roche e Santin tenham dito que a preocupação decorre da perspectiva de uma desaceleração nas encomendas da Petrobras, a Schahin foi citada em documentos judiciais em abril quando a Polícia Federal divulgou transcrições de conversas telefônicas entre Alberto Youssef, que está aguardando julgamento por sua suposta participação em uma operação de lavagem de R$ 10 bilhões (US$ 3,9 bilhões), e um de seus sócios, que disse que a Schahin estava atrasada em fazer pagamentos.
A conversa tratou de R$ 450.000 em pagamentos por encanamentos e não teve nada a ver com propinas, disse a Schahin, na resposta enviada por e-mail. A empresa disse que não havia mantido nenhuma comunicação com os investigadores.
A Schahin vem se associando com a Modec Inc., com sede em Tóquio, para fornecer navios de produção à Petrobras. Elas apresentaram a oferta mais competitiva para construção de uma unidade para os campos de Tartaruga Verde e Tartaruga Mestiça e o contrato ainda precisa ser assinado.
Os US$ 750 milhões em notas emitidas pela Schahin II Finance Co. são garantidos pela receita do navio-sonda de águas profundas Sertão. A S&P disse que as receitas das unidades da Schahin que já estão construídas não estão em risco.
Título em inglês: Petrobras Supplier Sinks as Probe Dims Prospects: Brazil Credit
Fonte: Bloomberg