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Fundo do poço nos US$ 35? Já tem petróleo sendo negociado a US$ 20

Quando o petróleo caiu para US$ 35 o barril em Nova York, alguns produtores já estavam vivendo com a realidade de preços muito mais baixos.

A cesta de petróleo do México já está avaliada em menos de US$ 28, nível mais baixo em 11 anos, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O Iraque está oferecendo sua variedade mais pesada de petróleo aos compradores da Ásia por cerca de US$ 25. No oeste do Canadá, alguns produtores estão vendendo por menos de US$ 22 o barril.

“Mais de um terço da produção global de petróleo não é econômica a esses preços”, escreveu por e-mail Ehsan Ul-Haq, consultor sênior da KBC Advanced Technologies. “Os produtores de petróleo canadenses poderiam ter dificuldade para cobrir seus custos operacionais”.

O petróleo caiu a níveis vistos pela última vez na crise financeira global de 2009 em meio um excesso global de oferta. Embora os preços de referência West Texas Intermediate e Brent estejam por volta dos US$ 30, eles representam uma categoria de petróleo bruto — leve e com baixo teor de enxofre — mais valorizada por ser mais fácil de refinar. Alguns produtores de variedades mais espessas, negras e sulfurosas sofreram prejuízos maiores e já estão mais perto dos US$ 20.

Uma cesta de petróleos mexicanos caiu 73 por cento em 18 meses, chegando a US$ 27,74 em 11 dezembro, nível mais baixo desde 2004, segundo dados compilados pela Bloomberg. A Venezuela está registrando quedas semelhantes. O Western Canada Select, pesado e sulfuroso, caiu 75 por cento, para US$ 21,37, nível mais baixo em quase oito anos. Outras variedades, incluindo o Oriente, do Equador, o Arab Heavy, da Arábia Saudita, e o Basrah Heavy, do Iraque, foram vendidos abaixo dos US$ 30, mostram os dados.

O betume — que tecnicamente não é petróleo bruto, mas um óleo viscoso, preto e pesado que constitui as chamadas areias betuminosas, junto com argila, areia e água — está sendo negociado em torno de US$ 13 o barril, sofrendo uma queda de mais de 80 por cento desde junho de 2014.

O petróleo desse tipo é comercializado com desconto em relação a variedades mais leves porque, para processá-los, “as refinarias precisam investir na modernização de instalações como as usinas de coque, que são muito caras”, afirmou Ul-Haq, do KBC.

“Na maioria dos lugares do mundo, muitos produtores não conseguem o preço Brent, nem o preço WTI”, afirmou Torbjoern Kjus, analista do DnB ASA em Oslo, por telefone. “É realmente uma situação muito dramática que não pode continuar por muito tempo para muitos produtores”.

O petróleo Brent caía 5 centavos, para US$ 37,87 por barril, na ICE Futures Europe, em Londres, às 11h38, horário de Cingapura. O WTI permanecia inalterado em US$ 36,31.

O governo do México se isolou da queda do petróleo depois que conseguiu garantir 212 milhões de barris em exportações previstas para 2016 usando contratos de opções para assegurar um preço médio de US$ 49 por barril. O hedge em relação ao petróleo do país em 2015 rendeu um bônus de US$ 6,3 bilhões.

Nem todos os países produtores de petróleo estão bem protegidos. O orçamento nacional da Venezuela, um país-membro da Opep, para o próximo ano prevê um preço de US$ 40, mesmo que seu próprio petróleo bruto seja negociado atualmente pouco acima de US$ 30. As reservas de dólares do país caíram 32 por cento neste ano, para US$ 14,6 bilhões.

Mais quedas

Mesmo os preços do petróleo da Opep, responsável pelo fornecimento de cerca de 40 por cento do óleo do mundo, estão sendo negociados abaixo dos dois principais valores de referência. O preço diário dos 12 petróleos produzidos pela organização ficou em US$ 33,76 o barril na segunda-feira, o mais baixo em sete anos.

Ironicamente, aqueles que vendem pelos preços mais baixos têm ainda mais incentivos para continuar bombeando, o que pode aprofundar o excedente que pesa sobre os preços.

Essa é uma possibilidade clara, de acordo com a Trafigura, terceiro maior trader de petróleo independente do mundo. “Não acredito que já tenhamos atingido o fundo do ciclo”, disse Christophe Salmon, CEO da Trafigura, em entrevista, na segunda- feira.

Fonte: Info Money

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