A nova HRT fica ‘mais enxuta e mais humilde’
Reportagem publicada no dia 30 de agosto pelo VALOR PRO, serviço de tempo real do jornal Valor Econômico, informa que a nova HRT está mais enxuta e mais humilde sob a direção de Milton Franke. “Os planos grandiosos de encontrar muito petróleo leve na Amazônia e volumes iguais aos do pré-sal na Namíbia _ revela a reportagem assinada por Claudia Schüffner _ deram lugar à intenção de usar o caixa de R$ 365 milhões para comprar ativos maduros, já em produção.” Segundo Franke, “a HRT hoje é compradora de ativos de produção e desinvestidora, e busca sócios para a sua empreitada na África. A HRT tem desde fevereiro o empresário Nelson Tanure como um acionista relevante.
O VALOR PRO afirma que “para aquisições no Brasil, o alvo são campos em terra ou no mar, preferencialmente na Bacia de Campos (RJ), para aproveitar sinergias operacionais. Apesar de ter a cobiçada licença de operador A no Brasil, que permite operar até em águas profundas, a HRT não faz questão de ser operadora da nova área. Para quem não estiver entendendo a mudança na direção, Franke faz questão de frisar que a HRT “tem apetite, mas não tão forte” como antes.”
De acordo com a reportagem, exclusiva para assinantes, “enquanto não vai às compras, a HRT já tem planos para estender a vida útil do seu único campo em produção, que já está maduro e cujas reservas devem se esgotar em dois anos. Foram identificadas outros reservatórios na área sob concessão e o plano agora é perfurar novos poços produtores. Para reduzir gastos, a ideia inicial é acessar um poço perfurado cinco anos atrás. A HRT estima que poderá baixar o gasto com perfuração para US$ 25 milhões, com um custo estimado de US$ 5 milhões para cada intervenção nos poços, que aumentam o rendimento. A perfuração de um poço nessa região pode custar de US$ 60 milhões a US$ 100 milhões.
“Esse programa já existe e é um sucesso. Polvo [o campo de Polvo, na Bacia de Campos] teria a vida estendida, já que foram identificadas outras reservas. Esse foi o caminho [para aumentar a vida produtiva dos campos] adotado no Mar do Norte e certamente também serve para o Brasil”, afirma.
Eduardo Jácome, diretor de gestão e de relações com Investidores da HRT, faz as contas e chega a uma receita bruta de R$ 2,5 bilhões quando menciona as oportunidades que a HRT tem de crescer se conseguir triplicar a atual produção, para a faixa de 30 mil barris. Isso só virá, obviamente, com a aquisição de ativos que permitam esse nível de produção.
“A HRT opera o campo de Polvo há sete meses e, graças a ele, produziu 10.093 barris de petróleo por dia em junho, que garantiram uma receita líquida de R$ 138 milhões no segundo trimestre. A empresa teve lucro de R$ 11 milhões no intervalo, quando no mesmo trimestre do ano passado registrou prejuízo de R$ 645,2 milhões. Isso retirou um pouco a pressão de ser uma empresa exploradora de muito risco, altos custos e nenhuma produção”.
“A companhia aguarda a aprovação da Agência Nacional do Petróleo (ANP) para concluir a aquisição dos 40% da Maersk em Polvo, o que a tornará dona de 100%. O valor da compra ainda não foi divulgado, mas será conhecido quando o negócio for concluído, segundo o diretor financeiro, Ricardo Bottas Dourado. Para efeito de comparação, os 60% comprados da BP custaram US$ 135 milhões em dezembro do ano passado”.
Com um estilo quase zen comparado à exuberância de seu antecessor, Franke explica os projetos que, segundo suas palavras, estão tornando a HRT uma empresa mais “hands on”, enxuta e “pacificada”, desde que ele assumiu a presidência, no dia 13 de maio de 2013. A partir de então, as ações acumulam alta de 71%. “
“Uma das economias que Franke menciona é a retirada do carro com motorista para o presidente da companhia. O andar luxuoso hoje ocupado em um prédio de alta padrão de frente para o mar na avenida Atlântica, em Copacabana, será trocado por um novo escritório em Botafogo, também na Zona Sul do Rio, mas que pode ser considerado um bairro mais modesto se comparado com a sede atual. As reuniões ali passaram a ser em português, outra mudança”.
“O número de empregados, que era de 600 em 2011, está agora em 150. O presidente adianta que serão menos ainda, algo entre 40 a 60, já que uma parte passará para a folha de pagamentos da russa Rosneft, que assumiu a operação das áreas na Bacia do Solimões, na Amazônia depois de comprar 6% que lhe deram o controle, passando a ter 51% da HRT O&G Exploração e Produção de Petróleo. A ideia é manter o suficiente para continuar operando Polvo e manter os blocos na Namíbia, esses últimos a cargo do pessoal baseado em Houston. Para a campanha na África, depois de perfurar três poços, sendo que apenas um tinha indícios de petróleo, a empresa continua buscando sócios para dividir investimentos e mante r a concessão”.
“Também à venda, a Ipex hoje tem apenas 8 dos 28 empregados de antes. Essa empresa tem um laboratório de análises químicas e foi criada por Marcio Mello para prestar serviços geológicos, geofísicos e geoquímicos. A Ipex tinha várias petroleiras como clientes, mas eles se foram quando ela foi incorporada pela HRT, que era uma concorrente”.
“Franke enumera os momentos críticos vividos no ano passado para dizer que entende a turbulência, mas que agora o momento é outro. Lembra que existiam conflitos no conselho de administração, no conselho fiscal, e entre acionistas e administradores, sem contar os investidores insatisfeitos com o desempenho da companhia, que chegou a ter todos os conselheiros demissionários após uma tensa reunião na véspera do último Natal. Também foram resolvidas todas as pendências judiciais envolvendo os ex-administradores e conselheiros”.
Por: Paulo Roberto Cunha