Donos do GPC driblam a Justiça e atropelam minoritários
O Grupo Peixoto de Castro, em recuperação judicial, tomou uma decisão inusitada na tarde de sexta-feira, dia 21: transferiu todos os seus livros contábeis de um prédio tradicional do Centro do Rio para a Pavuna. A manobra foi para escapar de uma ordem da juíza Maria da Penha Nobre Mauro, da 5ª Vara Empresarial, que determinou a busca e apreensão dos livros contábeis da empresa. O GPC alegou que trocou a sede para o distante subúrbio carioca e, por essa razão, os documentos não estavam disponíveis para o oficial de Justiça, peritos contábeis, advogados e auditores, que representavam interesses de acionistas minoritários lesadas pela má gestão dos Peixoto de Castro. A Lei das Sociedades Anônimas determina que a mudança da sede social de uma companhia aberta necessita do aval de uma assembleia ordinária.
O encrencado GPC é uma fábrica de prejuízos e a dívida é de R$ 700 milhões. Nos últimos nove anos, o grupo teve um prejuízo acumulado de R$ 270 milhões. Há informações comprovadas de ganhos astronômicos de executivos e de alguns acionistas da família Peixoto de Castro. Sabe-se que apenas um executivo embolsou R$ 39 milhões no período de seis anos ou R$ 540 mil mensais numa companhia que já era deficitária. Há ainda suspeitas de transações que sangraram os cofres do GPC, que já teve forte atuação no setor químico e petroquímico. Os minoritários são liderados pelo empresário Nelson Tanure, que é o principal acionista da empresa de petróleo HRT e, segundo analistas de mercado, pretende formar um complexo petroquímico tão logo assuma a gestão da GPC.
Paulo Roberto Cunha