Oposição boicota depoimento de Gabrielli à CPI da Petrobras
Os parlamentares da oposição no Senado boicotaram e não compareceram ao depoimento do ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli (foto) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a estatal. Nenhum integrante do DEM e do PSDB participou da audiência, na qual o executivo disse que a refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), estava “barata” à época das negociações.
Somente senadores aliados ao governo estiveram na audiência, convocada na semana passada a pedido do relator, o petista José Pimentel (CE). Donos das maiores bancadas do Senado, PT e PMDB dividem os principais assentos da CPI e comandam a condução dos trabalhos.
Somente três dos 13 titulares são da oposição. Lúcia Vânia (PSDB-GO), Cyro Miranda (PSDB-GO) e Wilder Morais (DEM-GO) foram indicados pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), porque os dois partidos oposicionistas se recusaram a escolher seus integrantes a fim de pressionar pela instalação de uma CPI mista, com presença também de deputados.
Vânia e Morais, porém, recusaram a indicação e não participaram de nenhuma audiência da CPI até o momento. Apenas Cyro Miranda atendeu às duas primeiras sessões, quando afirmou que atuaria como “observador” das estratégias do governo porque acredita que serão as mesmas utilizadas na CPI mista.
A suspeita de superfaturamento na compra da refinaria levou órgãos como a Polícia Federal, a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU) a investigar a aquisição pela Petrobras, em 2006.
Além do presidente, Vital do Rêgo (PMDB-PB), do relator, José Pimentel, e do vice-presidente, Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP), estiveram na CPI até a última atualização desta reportagem, Humberto Costa (PE), Valdir Raupp (PMDB-RO), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Acir Gurgacz (PDT-RO), Eduardo Braga (PMDB-AM) e Aníbal Diniz (PT-AC).
Refinaria ‘barata’
José Gabrielli, que presidiu a Petrobras durante a compra da refinaria no Texas, disse que Pasadena representava um “bom negócio” à época, pois era “aderente estrategicamente”, tinha uma taxa de retorno “satisfatória e estava “barata”.
“O conselho de administração da Petrobras, ao analisar esse quadro, avaliou que era boa oportunidade para adquirir Pasadena. Ela estava conectada com o planejamento estratégico e estava barata porque foram comprados os primeiros 50% equivalente a menos da metade do preço médio das refinarias por barris de destilação”, declarou o ex-presidente.
O executivo disse que a refinaria se tornou um “mau negócio” a partir de 2008, com a crise financeira mundial e a descoberta do shale gas nos Estados Unidos. Pasadena passou por “situações de dificuldade” em 2011 e 2012, quadro que passou a se reverter em 2013, afirmou.
“Em 2014, ela é lucrativa porque há petróleo disponível no Texas a preço barato que pode ser processado em Pasadena”. Atualmente, a refinaria gera lucro anual de US$ 100 milhões, conforme Gabrielli. “Muito lucrativa”, disse.
Fonte: Isso é Notícia