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Os governos do Brasil e da Alemanha estudam a criação de um ‘hub’ de hidrogênio verde em Cubatão (SP), cidade que já foi considerada a mais poluída do mundo pela Organização das Nações Unidas (ONU). Trata-se de um polo com o objetivo de articular e promover ações conjuntas entre as indústrias locais para a produção de insumos verdes, abastecidos por energia de fontes renováveis.
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Na década de 80, as indústrias de Cubatão lançavam aproximadamente mil toneladas de poluentes na atmosfera por dia. De acordo com o historiador Welington Ribeiro Borges, tanta poluição levou a cidade ser chamada de ‘Vale da Morte’ e ser considerada a mais poluída do mundo pela ONU.
A poluição da água, do solo e do ar, junto à falta de legislação ambiental da época, causou inúmeros casos de mortes por doenças respiratórias e anencefalia — condição em que o cérebro e o crânio não se desenvolvem. O cenário mudou após um incêndio que matou 93 pessoas na Vila Socó, em 1984.
HUB de Hidrogênio Verde e Power-to-X
Entre as iniciativas pensadas para manter Cubatão como símbolo de recuperação ambiental, está o projeto H2Brasil, fruto de uma parceria entre a Sociedade Alemã para a Cooperação Internacional (GIZ) e o Ministério de Minas e Energia brasileiro.
Antes do projeto do ‘HUB de Hidrogênio Verde e Power-to-X’ sair do papel, um estudo de viabilidade é realizado por uma consultoria em inovação desde junho. A empresa Pieracciani avalia, por exemplo, a idealização, operação e formas de financiar o hub.
O CEO da consultoria, Valter Pieracciani, explicou que a produção do hidrogênio será uma possibilidade, mas também há em vista outros insumos sustentáveis como o aço e fertilizantes verdes, todos com possibilidade de garantir maior competitividade às indústrias regionais.
Segundo Pieracciani, a ideia é repensar o Parque Industrial de Cubatão para que a cidade se torne um destaque na exportação, além de contribuir para a preservação ambiental.
Caso a viabilidade seja comprovada, é provável que laboratórios das indústrias e centros de inovação já existentes sejam utilizados.
E, diante desse cenário, o executivo aponta que as empresas locais passam a contribuir com uma nova operação conjunta, aproveitando uma nova estrutura e estratégia.
“O pioneirismo desse hub está sendo conceitual. E no que ele é pioneiro? No conceito de repensar um parque industrial de forma sistêmica e não mais de forma individual”, disse ele ao g1, definindo o estudo de viabilidade como o ‘desenho’ do hub.
“O pioneirismo desse hub está sendo conceitual. E no que ele é pioneiro? No conceito de repensar um parque industrial de forma sistêmica e não mais de forma individual”, disse ele ao g1, definindo o estudo de viabilidade como o ‘desenho’ do hub.
Em nota, a GIZ informou que quando o estudo estiver finalizado os atores envolvidos poderão se engajar no financiamento, incluindo governos locais, estaduais ou federal, fundos de fomento como o Invest SP e associações de indústrias.
O projeto teve o primeiro workshop com representantes de indústrias locais em 14 de agosto. O segundo evento está marcado para 7 de novembro, quando o relatório final do estudo será divulgado.
🌱 Importância ambiental
O engenheiro ambiental Antônio Mazza explicou que a produção de hidrogênio pode ocorrer por matérias-primas renováveis, como a água (H²O), a biomassa e os biocombustíveis. O processo de conversão da água consiste na quebra das moléculas para a criação do hidrogênio.
“Atualmente, o hidrogênio já é utilizado em processos produtivos, [como] na produção de amônia, combustíveis sintéticos, construção e transporte, mas a matriz energética e custos da energia eólica, hidrelétrica, e solar fazem com que a pesquisa do hidrogênio seja uma saída para o futuro”, afirmou.
“Atualmente, o hidrogênio já é utilizado em processos produtivos, [como] na produção de amônia, combustíveis sintéticos, construção e transporte, mas a matriz energética e custos da energia eólica, hidrelétrica, e solar fazem com que a pesquisa do hidrogênio seja uma saída para o futuro”, afirmou.
Mazza acredita no potencial dessa alternativa como solução para a redução da emissão de gases de efeito estufa, mas ressaltou que a transição de matriz energética pode ser dolorosa porque representa uma “quebra de paradigmas”.
“A nossa economia está baseada em petroquímica. Quando você desloca o investimento para outros combustíveis, pode ter uma pressão nas petroquímicas. Então, toda a matriz energética precisa ficar adaptada ao novo modelo, disse.
O engenheiro ambiental ressaltou que o Brasil tem uma distribuição de energia mais equilibrada do que a maioria dos países. “À medida que for colocando esse combustível na matriz energética, você vai ter a redução direta de gases do efeito estufa”, acrescentou.
O g1 entrou em contato com a Prefeitura de Cubatão por mais detalhes, mas não obteve retorno até a última atualização da reportagem.
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